ARQUITETURA JESUÍTICA-GUARANI

ESPACIALIDADES DE UMA CULTURA HIBRIDA

Resumo

A pesquisa aqui apresentada trata de uma pequena parte, um fragmento que foi retomado e aprofundado de uma pesquisa maior resultante do processo de doutoramento em Geografia Cultural pela UFPR. Em sua raiz investiga o processo de aculturação proposto pelos padres jesuítas na América do Sul perante a cultura Guarani. A investigação ao longo de seu desenvolvimento passou a verificar que, ao contrário do que se imaginou, o processo de aculturação resultou numa mescla cultural, uma forma de cultura híbrida. Esta nova proposta de sociedade organizada no espaço, onde hoje delimita-se os países Brasil, Paraguai e Argentina, fica ainda mais evidente quando se analisa a arquitetura pretérita deixada como sua marca cultural. A materialização da proposta comum desta cultura híbrida é o assunto que se pretende disseminar neste artigo. Com este intuito se reforçou as análises visando ilustrar a evolução da arquitetura aqui produzida como resultado da união de duas vertentes, uma europeia advinda dos padres jesuítas e outra autóctone resultante da expressão dos índios guarani. Pautada em descrições referenciais somadas a visitas in loco foi possível, por meio de reconstruções gráficas e de imagens reais, resgatar sua espacialidade. Diferencial este que foi a proposta promovida por ambas culturas e que tornaram possível esta experiência única no espaço das Américas a qual merece um maior olhar preservacionista. A cultura híbrida aqui experienciada foi expulsa e dizimada pela força do poder imperial de portugueses e espanhóis que impediram o desenvolvimento da proposta de uma nova sociedade pautada em valores cristãos envolta numa espacialidade barroca.